Loot da Semana #9 - Meia-irmã da Cinderela, Matadora de Gigantes e Caipiras Estadunidenses
Falando sobre The Ugly Stepsister, Overthinking, Resident Evil 7 e Eu Mato Gigantes
Esse é o nono Loot da Semana, onde eu falo de alguns tesouros que eu encontrei nos últimos dias. O intuito desses posts é de semana em semana (talvez), eu falar um pouco dos filmes, livros, gibis e jogos que eu encontrei e dar minha opinião e percepção sobre.
The Ugly Stepsister
Escrevo esse trecho logo após assistir ao filme. Eu precisava colocar meus pensamentos e sentimentos sobre essa obra o mais rápido possível. Às vezes eu penso que Hollywood possui uma linha que não consegue ou não pode cruzar, mesmo que o filme seja muito estranho, violento, com muito conteúdo sexual, sempre fica atrás dessa linha. Mesmo os filmes mais ousados não poderiam pensar em cruzar essa linha. Aí tem o cinema europeu, que cruza essa linha toda hora. The Ugly Stepsister não só cruza essa linha como dá risada dela.
O filme, vindo diretamente da Noruega, é dirigido por Emile Kristine. Eu mal me lembro como eu fui saber da existência dele, mas quando eu soube da premissa logo me interessei. A história é uma adaptação e, sobretudo, uma desconstrução e subversão do conto clássico da Cinderela. A diferença é que a história é contada pelo ponto de vista meia irmã, Elvira (Lea Myren), que é tida como feia e indesejável. Seu sonho é se casar com o príncipe e durante a história ela vai fazendo de tudo para se adequar às expectativas da nobreza e se tornar desejável ao príncipe.
O filme tem todos os tropos do clássico conto de fadas. Cinderela (Thea Sofie), é uma jovem loira dos olhos azuis, linda, bem comportada e uma filha perfeita. A madrasta (Ane Dahl Torp) é, obviamente, uma megera que só se importa com ascender socialmente e faz com que Elvira passe por diversos procedimentos para se tornar mais “bonita”.
E é aí que o filme passa dessa linha. Ele é, sem medo nenhum, muito nojento, violento, sexual, maluco e cheio de horror corporal. Tem cenas que fazem com que A Substância pareça um filme leve. (Talvez eu esteja exagerando, mas essa é a minha impressão)
Só que, mesmo eu desviando o olhar da tela diversas e diversas vezes, é um filme muito interessante e bem feito. A produção, a atuação, trilha sonora, figurino, maquiagem, cenários, tudo é de altíssima qualidade. Eu acho que nem todo filme ou obra precisa passar apenas sentimentos prazerosos. Elas também podem ser desconfortáveis e frustrantes, nem tudo precisa ser um mar de rosas para ser bom. E é exatamente isso que The Ugly Stepsister se propõe, te dar um belo e satisfatório desconforto.
Enfim, não recomendo pra todo mundo. Se tivesse no começo do filme um alerta de conteúdo sensível ele teria muitas linhas. Então se você tem estômago forte e alguns parafusos a menos, como eu, vá na fé.
Eu Mato Gigantes
Fruto da mente criativa de Joe Kelly em parceria com o artista J. M. Ken Niimura, Eu Mato Gigantes é uma graphic novel que conta a história de Bárbara, uma garota diferente das demais, mas que tem o papel importante de defender sua cidade de gigantes!
Esse quadrinho tava na minha estante faz uns anos, desde que assisti a adaptação para o cinema e gostei muito. Logo comprei, mas esperei para lê-lo. Finalmente peguei para ler, e lembrei porque eu gostei tanto da história.
Bárbara é uma garota meio nerd, que não se encaixa direito entre as outras meninas da sua idade. Ela gosta de RPG de mesa e essas coisas fantasiosas, ao mesmo tempo que as outras garotas não a entendem, ela não entende todas as outras garotas. Porém, ela leva consigo uma tarefa auto imposta de caçar e matar gigantes, seres mitológicos que querem destruir a humanidade.
O quadrinho tem temas muito interessantes e até pesados. É uma história sobre perda e sobre lidar com a mortalidade das coisas. Sobre deixar ir, mesmo com a dor. E se alegrar pelo que você viveu, mesmo que a falta esteja ali. É uma história sobre como tudo vai ficar bem no final. E sabe, talvez seja uma história que eu tava precisando ler esses tempos.
Sem contar com a arte de Niimura, que tem um traço estilizado muito bonito. As personagens são muito expressivas e engraçadas. É tudo muito charmoso, mesmo sendo preto e branco. O design da Bárbara, na minha opinião, é muito marcante. Os óculos dela, junto das tiara com orelha de animais dá uma silhueta muito interessante. Bom demais.
Enfim, recomendo tanto os quadrinhos quanto a adaptação para o cinema. Ambos bem legais.
Resident Evil 7: Biohazard
Terror é um dos meus gêneros favoritos, o problema é que eu sou um cagão. Eu não gosto de tomar sustos e essas coisas, mas todo o resto me agrada bastante então eu consigo aguentar.
Não é a primeira vez que eu jogo Resident Evil 7, lá em 2021 eu joguei pela primeira vez enquanto estava em chamada com um amigo. Ele me acompanhou nessa jornada até eu desistir de jogar lá pela metade. Não lembro se foi por medo ou cansaço, mas desde então eu sempre quis voltar a jogar, mas adiava porque eu lembrava que dava muito medo.
Enfim, fui jogar para finalmente zerar dessa vez. Recomecei o jogo e tudo. E bom, minha memória não estava errada. Eu espero que as pessoas envolvidas na criação da primeira hora desse jogo tenham câimbra no dedinho do pé essa noite. Vai se foder. É assustador demais. Eu fiz essa uma horinha de jogo no dobro do tempo. Porque eu parava toda hora pra criar coragem antes de continuar.
Depois dessa primeira hora, o jogo ainda fica assustador, mas bem mais tranquilo. Eu adoro a ambientação, a casa da família Baker tem um clima muito sinistro. E isso é algo importante de se falar: os vilões. Nada mais assustador que estadunidenses sulistas. Eles te perseguem pela casa e ajudam para criar um clima de tensão constante. Nada como você estar andando num corredor escuro e, do nada, o papaizão (não ironicamente é o apelido dele) aparece quebrando a parede e tapando seu caminho.
Outra coisa que eu gosto muito, e isso se aplica a praticamente toda a saga, é que esse jogo sabe quando não se levar a sério. Ele sabe que é difícil segurar a tensão pelas 12 horas de jogo. Então, mais pro final, ele abraça o lado galhofa e absurda. Tanto que numa das campanhas extras o protagonista mata os monstros no soco e ganha uma luva cibernética. Absurdo de bom.
Enfim, adoro Resident Evil e já estou jogando a sequência. Talvez eu fale mais sobre em outro post.
Overthinking
Ano passado, procurando um podcast, um amigo me recomendou Overthinking. Desde então tenho escutado alguns episódios, e nos últimos dias cada vez mais. Ainda mais como uma pessoa que pensa demais (há!), logo me identifiquei com o conteúdo discutido nos episódios. A ideia é usar da filosofia como área acadêmica para discutir temas do nosso dia a dia, de forma simples e descontraída, mas ainda com muita base teórica.
Overthinking é um podcast em inglês – infelizmente inacessível para quem não tem familiaridade com a língua – apresentado por dois doutores em filosofia: Dra. Ellie Anderson, que é especializada em filosofia contemporânea e teoria feminista, e Dr. David M. Pena-Guzmán, especializado em filosofia europeia e filosofia da ciência.
É muito legal a forma que abordam temas do dia a dia e associar com autores e filósofos de uma forma simples e acessível. Os dois tem uma química muito boa e próxima, além de um conhecimento bem extenso.
Alguns episódios, como o de esperança e preguiça, mudaram bastante minha visão sobre esses temas. E outros me ajudaram a conhecer mais e entender perspectivas diferentes da minha por meio da filosofia.
Acho que pra todo mundo que entende inglês e gosta de discussões filosóficas, vale bastante a pena.
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Loot da Semana #8 - Dois Michael B. Jordan, um Stalker e quatro garotas
Esse é o oitavo Loot da Semana, onde eu falo de alguns tesouros que eu encontrei nos últimos dias. O intuito desses posts é de semana em semana (talvez), eu falar um pouco dos filmes, livros, gibis e jogos que eu encontrei e dar minha opinião e percepção sobre.
Na hora da tirinha* eu não esperava aquela avalanche* 😩🤢🤢
Eu vi e sei o que é esse treco na mão dela kkk minha nossaaa 🤒😵💫😵💫😵💫. Sim, o filme/ a diretora passeia tranquilamente sobre os ossos dos mortos rs achei muito bom.