Loot da Semana #3 - Filmes do Oscar, Jogo Indie e Livro de mil páginas
Filme do Oscar, série de herói e jogo que mais parece um livro
Esse é o terceiro Loot da Semana, onde eu falo de alguns tesouros que eu encontrei nos últimos dias. O intuito desses posts é de semana em semana (talvez), eu falar um pouco dos filmes, livros, gibis e jogos que eu encontrei e dar minha opinião e percepção sobre.
Ainda Estou Aqui
Fui ver esse filme atrasado, uma semana antes da premiação do Oscar. Eu sei, uma vergonha nacional. Mas antes tarde do que nunca e essas coisas.
Provavelmente, nada do que direi sobre esse filme já não foi dito. Dirigido pelo nosso milionário filho de banqueiro favorito, Walter Salles, Ainda estou aqui é um filme que me deixou sem chão. Nos primeiros momentos, o filme retrata a vida cotidiana de uma família Paiva, onde Eunice Paiva (Fernanda Torres), Rubens Paiva (Selton Mello) e suas quatro filhas e um filho vivem em um bairro chique no Rio de Janeiro durante a ditadura militar. Além da incrível performance de todo o elenco, o que mais me impressionou no filme foi a conexão que você faz com todos os personagens logo de cara, e a forma como Selton Mello te conquista com sua performance, a ponto de sentir sua falta assim que ele sai de cena, assim como os personagens em tela.
A atuação de Fernanda Torres é incomparável, por isso que ela foi indicada ao Oscar, e é na sutileza que ela te conquista. O olhar, as expressões, a dor que ela transmite mesmo quando sorri, é incrível e de partir o coração. Além de que a direção do filme é sublime, a cena em que os agentes da ditadura chegam na casa da família e faz todos de reféns me fez suar frio e ranger os dentes. A casa que era iluminada e cheia de vida, se torna um ambiente escuro, opressor e amedrontador.
Muitas pessoas que assistiram disseram que saíram muito emocionadas e tristes, que choraram baldes de lágrimas. Eu, além de sair emocionado, também saí com muita raiva. Raiva de milico, raiva de que essas injustiças aconteceram e ninguém foi punido, raiva que tem gente que ainda defende fascistas como esses, raiva de que há pouco tempo quase sofremos outro golpe militar. Nunca mais.
Demolidor: Renascido
Talvez meu maior traço de homem básico seja gostar de Marvel. Sempre fui muito fã dos quadrinhos, e quando os filmes começaram a sair eu logo me animei e vi todos até o Ultimato no cinema. Porém, uma das minhas produções favoritas são as séries da Marvel para Netflix. Eu sempre preferi heróis mais mundanos, que lutam com ameaças pequenas na cidade, do que heróis que lidam com coisas grandiosas e cósmicas. Demolidor é um deles, e, por influência do meu pai que na adolescência lia os quadrinhos, ele sempre foi um dos meus heróis favoritos.
Então quando saiu a série da Netflix, eu fiquei fissurado. O tom mais adulto, a coreografia das lutas, os personagens, a relação do Matt Murdock (Charlie Cox) com o Rei do Crime (Vincent D’Onofrio). Tudo muito incrível. Porém a série foi cancelada na terceira temporada. O final foi bem satisfatório, então não deu aquele sentimento de vazio de uma série cancelada pela metade.
Há alguns anos, a Marvel anunciou uma continuação da série com o mesmo elenco. Eu fiquei cautelosamente animado. Primeiro, porque a série iria sair na Disney+, e a qualidade das séries da Marvel para essa plataforma varia muito de qualidade, além de que parecem filmes de três horas divididos em seis capitulos. Enfim, anos depois e muitos problemas de desenvolvimento depois, a série saiu essa semana. E venho por meio desse dizer: é boa pra cacete.
Ok, posso estar me emocionando, saíram apenas dois episódios. Só que parece que os novos showrunners entendem o que fez da série de 2015 ser tão boa. Tudo que eu gostei na série estão nesses dois episódios, e meus medos foram, por agora, acalmados.
Estou muito curioso para ver para aonde a série vai. Um pouco receoso porque as séries da Disney+ tendem a perder de rumo conforme os episódios vão avançando, mas eu ainda quero continuar dando uma chance.
Enquanto isso talvez eu volte ao meu projeto de ler todos os quadrinhos do Demolidor. Ainda tô nos anos 80.
Caminho dos Reis
Pra quem não sabe ou não me conhece, eu AMO fantasia medieval. Me dá uma história com espadinha e magia num mundo fantástico que eu tô dentro. O Caminho dos Reis, escrito pelo meu novo missionário mórmon favorito, Brandon Sanderson, é um livro que se passa no mundo de Roshar. Há cinco anos, o rei de Alethkar foi assassinado por um povo conhecido como Parshendi, o que jogou todo o continente em guerra. A história principal se divide na perspectiva de dois personagens que não se conhecem e estão em cantos diferentes de Roshar, o primeiro é Kaladin, um homem nobre que só quer ajudar os outros e proteger os indefesos, que luta pelo lado de Alethkar até que as coisas dão muito erradas e ele se vê traído pelo seu senhor e jogado na escravidão. A outra personagem é Shallan, uma olhos azuis (tipo uma nobreza) que vê a herança de sua família em perigo e sai em busca de Jasnah Kohlin, irmã do rei assassinado, no intuito de estudar sob sua tutela. Porém, a verdade é que Jasnah pretende roubar um artefato mágico de Jasnah e com ele tirar a sua família dessa situação terrível.
Livros de fantasia normalmente são meio intimidadores, e Caminho dos Reis, para mim, foi a mesma coisa. Pra começar ele é o primeiro de uma série de cinco livros que ainda está lançando, e, ainda por cima, cada livro tem mais de mil páginas. Então eu enrolei para ler mesmo comprando um box com os três primeiros há meses.
Só que após começar, eu já fui fisgado pela narrativa. O livro começa meio confuso, sem muita explicação do mundo e do que está acontecendo. Aos poucos, o autor começa a preencher essas lacunas com sua escrita bem acessível para um livro de fantasia. os personagens são muito bem desenvolvidos, o autor dá muito ênfase em suas emoções e seus pensamentos, além de suas motivações. Outra coisa que acho muito interessante é o mundo. Normalmente, fantasia medieval se baseia na Europa da Idade Média e todas elas têm uma sensação muito semelhante. Porém Roshar é um planeta completamente alienígena, onde a maioria dos animais são crustáceos, o mundo possui um clima hostil em que tempestades são mortíferas e mágicas, além de possuir um passado e um sistema de magia muito misterioso.
Recomendo para qualquer um que se interessa por fantasia e consegue aguentar mil páginas de termos como Nahn, Windspren, Parshimen (que não é a mesma coisa que Parshendi), etc.
1000XResist
Esse daqui é o melhor jogo que ninguém jogou em 2024. 1000XResist é um jogo indie desenvolvido por um grupo de quatro pessoas que tem prática em teatro, música, dança e artes performativas, porém nenhuma tinha experiência em desenvolvimento de jogos quando começaram o projeto em 2020 no meio da quarentena.
Num futuro pós-apocalíptico, seres extraterrestres vieram a Terra e espalharam um vírus mortal que exterminou toda a raça humana. Porém, a única sobrevivente é Iris, uma garota que é imune ao vírus e vive como uma figura divina para a sociedade de clones que ela criou a sua própria imagem. Você joga com Watcher, uma dessas clones que tem como função vigiar as outras “Irmãs” e entender o passado da Allmother, que é a garota sobrevivente e que agora é vista por suas clones como a sua mãe e deusa.
O jogo é focado na narrativa, não há momentos de ação ou que vão precisar de reflexo. É basicamente o que é chamado de Walking Simulator, onde você anda, fala com os personagens e só, basicamente. No entanto, a qualidade da narrativa é tão tão boa, que o jogo me prendeu de uma forma que quando eu não estou jogando, eu estou pensando sobre.
A história lida com diversos temas, como trauma geracional, opressão, pandemia, família, culpa, resistência e moralidade. A todo momento, Watcher é confrontada por dilemas morais que colocam toda sua perspectiva de vida em cheque. Há momentos que eu simplesmente estava de boca aberta com o desenrolar das coisas. Sem sombra de dúvidas é uma das melhores histórias de Ficção Científica que eu já experienciei. É bom assim.
É um jogo simples, provavelmente o orçamento foi de um salgado com suco Tang. Mas a execução é quase perfeita dentro do seu escopo, com destaque a dublagem que é uma das melhores que vi em um jogo em 2024. Eu não conseguia parar de jogar até terminar um capítulo, e quando eu terminava, precisava parar pra me recuperar da carga emocional e digerir tudo que aconteceu. Até agora, dias depois de terminar, eu não consigo parar de pensar sobre esse jogo. socorro
Recomendo para todo mundo que se interessa por Sci-Fi, além de que ele não é tão caro na Steam. JOGUEM!!!
Monster Hunter Wilds
Eu não poderia deixar de falar da minha nova obsessão. Monster Hunter Wilds, desenvolvido e publicado pela Capcom, é um jogo que o título se auto explica. Você caça monstros. Simples.
O jogo por si só tem uma estrutura básica simples: você escolhe uma arma gigante, escolhe o monstro gigante para caçar, você vai em busca dele num mapa gigante e dá umas porradas gigantes nele até que ele morra. E o ciclo se repete. Parece meio cruel colocando assim, mas relaxa, são só polígonos na sua tela. Enquanto o outro jogo que eu comentei é filosófico, com uma história incrível, mas com mecânicas simples, Monster Hunter é o contrário, com uma premissa simples, porém com mecânicas profundas e divertidas.
Enfim, essa nova iteração na série vem para introduzir um mundo aberto, mais mecânicas e qualidades de vida perfeitas para novatos. Eu, já joguei dois outros MH, porém nunca me pegou tanto assim apesar de eu ter zerado a campanha e tal. Mas o Wilds possui uma história até interessante, além de apresentar uma reformulação de aspectos da jogabilidade que torna muito mais simples de conseguir executar combos e entender o que o jogo espera de você. Além de que o jogo é LINDO.
Bom, ainda estou jogando no meu PS5, se alguém quiser fazer umas caçadas juntos, só falar!
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#3 - Anora: superficialidade e intimidade
A queridinha da academia de cinema estadunidense, Anora foi dirigido por Sean Baker e estrelado por Mikey Madison. O filme conta a história de Ani, uma dançarina num clube de striptease, e que em um certo dia no trabalho, conhece um jovem filho de uma família muito rica da Rússia, e num impulso resolve se casar com ele.